Uma faceta pouco apreciada dessa indústria.
Foi em abril de 2018 que eu publiquei a primeira lista desse tipo, e acho que cabe aqui reiterar o que já disse lá: enquanto todo mundo gosta de falar sobre as aberturas e encerramentos dos animes, ou sobre trilhas sonoras de maneira geral, eu sinto que insert songs raramente recebem a atenção que merecem. O que é uma pena, já que a constante presença do recurso nessa mídia permitiu o aparecimento de diversas excelentes e memoráveis trilhas.
Para esta nossa listinha, eu decidi selecionar cinco insert songs que muito me agradaram, de animes antigos e modernos, seja porque são boas músicas em si mesmas, seja porque lindamente complementam as histórias na qual estão. E como sempre, eu peço ao leitor que não vejam esta lista como um top: não, estas não são as cinco “melhores insert songs dos animes”, mas apenas cinco músicas que eu realmente gostei e decidi compartilhar.
E sem mais delongas, vamos então à lista. Uma boa leitura a todos /o/
5. Isao Sasaki, Ginga Elegy (de Ginga Tetsudou 999)
Ginga Tetsudou 999 não é um bom anime. Episódico, contando a viagem de Tetsurou e Maetel pelo universo no titular Expresso Galático 999, a vasta maioria de seus episódios alternam entre o mediano e o efetivamente ruim – ainda que, para ser justo, com alguns bons no meio do caminho.
Os dois episódios que tocam essa música, episódios 44 e 45, ficam entram nessa contagem de medianos: passam longe do que a série tem de melhor, mas também não chegam ao ponto de serem ofensivos de tão ruins (como ocorre com alguns outros episódios). Esta música, porém, faz valer os episódios.
Ginga Elegy encapsula muito bem não apenas o personagem que a canta, Pride, mas também o próprio anime: uma canção melancólica sobre deixar a própria terra natal em prol de uma viagem pela imensidão desconhecida do espaço sideral, com pouco mais na bagagem do que sonhos e esperanças.
Infelizmente, eu não consegui encontrar muita informação sobre a música em si, exceto que existem duas versões: uma cantada por Isao Sasaki, que canta também a abertura do anime, e outra cantada pelo dublador do Prinde, que é a que efetivamente toca no episódio. Dito isso, ambas são muito boas.
4. Mili, Within (de Goblin Slayer)
E de um anime de 1979, vamos agora para um de 2018 (eu disse que teriam antigos e modernos). Goblin Slayer foi um título bastante divisivo, e da pra entender porquê. De minha parte, eu fico no rol dos que gostaram e se divertiram com a série, mas não descredito críticas a ela: não é mesmo um anime pra qualquer um.
Dito isso, há duas coisas que eu acredito que esta obra nos trouxe de simplesmente excelente: sua música de abertura, Rightfully, e esta insert song, Within, ambas da mesma banda: Mili (e ambas disponíveis no canal oficial no YouTube da banda). E dado que esta é uma lista sobre insert songs, nos foquemos aqui na segunda.
Within toca no último episódio do anime, começando nos créditos finais e se estendendo pela cena pós-créditos. E enquanto sua letra encaixa bem com o anime no qual aparece, eu diria que é o instrumental que melhor funciona aqui, com a seleção de instrumentos combinando muito bem com o cenário de fantasia medieval de Goblin Slayer.
Como já disse, a música está disponível legalmente para streaming no YouTube, no canal da banda, e na descrição encontramos os créditos da canção: letra por momocashew, música por momocashew e Yamato Kasai, e arranjo por Yamato Kasai. Antes fosse fácil assim sempre.
3. Houkago Tea Time, Tenshi ni Fureta yo (de K-On!!)
E de dois títulos no mínimo divisivos com relação à sua qualidade, passamos para esta absoluta obra prima. E sim, eu falo sério: K-On! facilmente figura entre os meus animes prediletos, o tipo de história que você começa a ver pela comédia, mas que acaba ficando pelo quanto se apega a essas personagens.
Diga-se de passagem, esse apego é instrumental (se perdoam o trocadilho não intencional) no impacto desta música. Sendo uma série sobre essas garotas em seu clube de música, K-On! tem uma vasta miríade de insert songs que facilmente poderiam ser mencionadas aqui. Nenhuma, porém, com o efeito de Tenshi ni Fureta yo.
Cantada pelas quatro integrantes originais do clube de música como um presente de despedida para sua quinta integrante, quando da formatura daquelas quatro, é a canção perfeita para encerrar o anime. Um reconhecimento da tristeza da separação, mas também das boas memórias que as cinco criaram juntas.
Sendo bastante sincero: mesmo hoje, já tendo ouvido essa música à exaustão, eu ainda fico com os olhos molhados sempre que a coloco pra tocar. K-On! pode ter músicas mais icônicas, mas pouquíssimas canções, de anime ou não, já conseguiram mexer comigo da forma que Tenshi ni Fureta yo conseguiu e ainda consegue.
2. Inori Minase e Yurika Kubo, Amadare no Uta (de Shoujo Shuumatsu Ryokou)
De uma obra prima para outra, Shoujo Shuumatsu Ryokou foi facilmente um dos melhores animes de 2017, o tipo de história mais episódica e introspectiva que eu genuinamente não imaginava ainda ser possível em tempos modernos – e que fico muito feliz por estar errado.
Cantada pelas dubladoras das duas protagonistas do anime, Chito e Yuuri, Amadare no Uta toca ao final do episódio 5, num bonito momento em que as duas garotas param para ouvir os sons da chuva. Um momento que muito bem encapsula uma das mensagens dessa história: o apreciar das pequenas coisas, a música entre elas.
Se passando em um mundo pós apocalíptico onde Chi e Yuu viajam juntas pelos escombros do que um dia foi a civilização, esta é uma música sobre como ambas estarão satisfeitas enquanto tiverem uma à outra. Não importa a adversidade, conquanto a enfrentem juntas as duas estarão felizes.
A título de curiosidade, a música volta a aparecer ainda outra vez no anime, no episódio 8, numa espécie de versão acústica cantarolada pelas duas protagonistas, em ainda outro momento em que estão ambas apreciando a companhia uma da outra. De minha parte, a perfeita música tema para essas duas garotas.
1. Franchouchou, To My Dearest (de Zombieland Saga)
E finalizando a lista temos aqui outro anime de 2018, bem como outro grupo musical fictício, composto por adoráveis zumbis idols que irão salvar a prefeitura de Saga (do que você que não me pergunte). Um título que infelizmente foi meio ignorado por aqui, e que merece um pouquinho mais de atenção.
Muito como K-On!, o fato do anime ser sobre um grupo musical significa que ele possui não poucas insert songs para se escolher. Dentre todas elas, porém, a minha favorita fica sendo aquela que encerra o episódio 8: To My Dearest, cantada pelo grupo com a personagem Lily como centro.
Fechando um mais que belíssimo episódio, To My Dearest é o último adeus da garota ao seu pai, uma mensagem de despedida e de agradecimento que finalmente permite a ambos seguirem em frente. Sendo bastante sincero, é um nível de “feels” que eu nunca esperaria de uma comédia como Zombieland Saga, e que funcionou muito bem.
A título de curiosidade, esse talvez tenha sido o melhor show do anime em termos de produção visual. Zombieland Saga segue a “moda” dos animes idol de fazer os shows em CG, e este caso não foi exceção, mas é possível que você mal perceba se não apontarem. Uma prova do esmero que foi posto neste episódio.
—
Imagens (na ordem em que aparecem):
1 – Zombieland Saga, episódio 8.
2 – Ginga Tetsudou 999, episódio 44.
3 – Goblin Slayer, episódio 12.
4 – K-On!!, episódio 24.
5 – Shoujo Shuumatsu Ryokou, episódio 5.
6 – Zombieland Saga, episódio 8.