Review – Kyousougiga (Anime)

Kyousougiga // Review 02/09/2017 // 1
Kyousougiga

Próximo à antiga Kyoto vivia um monge, Myoue, dotado do incrível poder de dar vida a tudo o que desenhava. Um destes desenhos era Koto, uma coelha negra, que se apaixonara pelo seu criador. Compadecendo-se dela, uma bodhisattva oferece à Koto seu corpo, a fim de que ela pudesse se declarar. O tempo passa e Koto e Myoue acabam tendo três crianças: o humano Yakushimaru, a oni Yase, e o buda Kurama. Porém, atritos com a cidade próxima levam a família a decidir se mudar, no caso para dentro de uma das pinturas de Myoue: a Capital Espelhada, Kyoto. Tudo parece ir bem, mas logo Koto começa a sonhar com a destruição daquele mundo, e ela acredita ser por já usar o corpo da bodhisattva há tempo demais. Assim, Koto e Myoue decidem deixar a cidade, prometendo a seus filhos que um dia voltariam. O tempo passa – anos, décadas, mesmo séculos -, mas nada de ambos retornarem. Eis que um dia, porém, uma tempestade de raios parece literalmente rasgar os céus daquele mundo. Descendo à cidade, chega então uma garotinha portando um imenso martelo. Seu nome era Koto, e ela estava em busca de uma coelha negra.

Kyousougiga é facilmente uma das obras mais densas que já assisti, tanto em roteiro quanto em elementos simbólicos e alegóricos, a tal ponto que eu bem sei que nenhum único texto poderia esgotar tudo o que se pode extrair desse anime. Sua primeira encarnação foi como um ONA (original net animation) de apenas um episódio, lançado em 2011 no site Nico Nico Douga (e posteriormente também no Youtube). Em 2012 a série recebe mais 5 episódios, também no formato ONA. E finalmente, em 2013 temos a série para televisão, com 10 episódios. Em todos esses casos, a direção do anime ficou a cargo de Rie Matsumoto, mas a criação de fato é creditada a Izumi Todo: um pseudônimo para a staff do estúdio Toei Animation. Sim: Kyousougiga é uma obra da Toei, e possivelmente uma das melhores que o estúdio já fez. Visualmente espetacular, com uma belíssima trilha sonora, personagens carismáticos, e uma trama repleta de reviravoltas, esse é um anime que realmente merece muito mais atenção do que recebe. Quem ainda não viu, fica aqui a minha recomendação. Até porque, cabe aqui o aviso de sempre: spoilers a frente.

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Uma Breve Análise – Seikaisuru Kado: Um Bom Uso de CG

Seikaisuru Kado // Análise 14/07/2017 1
Seikaisuru Kado: um anime inteiramente em computação gráfica.

Seikaisuru Kado, anime de 2017 do estúdio Toei Animation, com 12 episódios, foi um desastre. Certamente um dos animes mais promissores deste ano – e talvez um dos mais promissores desta década -, ele ainda assim conseguiu a façanha de atirar pela janela todo o seu potencial. E o que começou com o que parecia ser uma trama política séria terminou… bom, digamos que bem longe disso.

Se evito entrar em maiores detalhes é para não dar spoilers, ao menos não por agora. E sim: mesmo sua sinopse poderia ser considerado um spoiler. Isso por conta de seu episódio zero, que oferece, ao seu final, uma reviravolta capaz de fazer cair o queixo de qualquer desavisado.

Mas dado o meu primeiro parágrafo, alguns que por ventura ainda não tenham assistido ao anime talvez se perguntem se vale a pena ou não se importar com spoilers de uma obra que eu acabo de descrever como “um desastre”. Bom, não me entendam mal, Seikaisuru Kado completamente desperdiça todo o seu potencial, mas eu não diria que isso faz dele uma obra ruim, exatamente. Apesar dos apesares, ainda tem seus bons (mesmo seus excelentes) momentos, com um saldo final relativamente positivo.

O real problema do anime é que ele tinha tudo para ser um novo clássico moderno, uma obra no mesmo nível daqueles animes cult tão comentados pelos mais experientes na mídia. Ao final, porém, ele terminou… ok. Não péssimo, não terrível, mas também não correspondeu às expectativas que criou. E com isso eu deixo o leitor decidir se vale a pena ou não dar uma chance a essa obra.

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Review – Digimon Adventure

Digimon Adventure // Review 13/12/2015 // 1
Digimon Adventure

Lançado em março de 1999, Digimon Adventure foi o primeiro anime de uma franquia que havia começado apenas alguns anos antes, em 1997, com um brinquedo que muito se assemelhava aos então populares tamagochis: os Digital Monsters. Produzido pelo estúdio Toei Animation em parceria com a Bandai, empresa de brinquedos então responsável pela produção dos Digital Monsters (e que seguiria como responsável por todos os brinquedos e vídeo-games da franquia Digimon), fica bastante claro o caráter de propaganda desta série. E bom, funcionou. Digimon Adventure foi um verdadeiro sucesso, tanto de recepção do público como mercadológico, firmando em definitivo as bases de uma franquia que segue sendo altamente lucrativa ainda hoje. Vídeo-games, jogos de cartas, bonecos, produtos licenciados e, obviamente, novos animes, o sucesso desta primeira série animada permitiu que a franquia se expandisse radicalmente nos anos que se seguiram. E fora do Japão, a série foi a principal porta de entrada dos demais produtos da franquia, que rapidamente se tornou um sucesso mundial. Isso dito, porém, ainda se trata de um anime de claro baixo orçamento produzido no final dos anos 1990. Nostalgia e importância histórica de lado, podemos dizer que a série se sustenta ainda hoje? Ela certamente tem importância ainda hoje, não à toa é uma série que constantemente ganha novos produtos (os mais recentes incluindo um jogo para PSP, de 2013, e a série de filmes “Digimon Adventure Tri”, começada em 2015), mas será que o anime segue sendo tão bom quanto o era mais de uma década e meia atrás?

Bom… Antes de seguir com a análise, vou dar aqui uma pequena sinopse para aqueles que ou nunca viram o anime ou simplesmente já não se lembram de mais nada a seu respeito: com 54 episódios, a série  conta a história de 7 crianças que, durante um acampamento de verão, são transportadas para o Mundo Digital, um mundo paralelo habitado exclusivamente por monstros conhecidos como “digimons”. Uma vez neste mundo, cada criança encontra com um digimon, que se torna então seu parceiro. Inicialmente, as crianças procuram um meio de voltar para casa, mas logo descobrem que para isso elas devem derrotar o mal que assola o Mundo Digital, razão pela qual elas foram levadas àquele mundo em primeiro lugar. E a forma como elas devem fazer isso é ajudando seus parceiros digimons a evoluírem, de forma a se tornarem mais e mais poderosos e poderem enfrentar os inimigos que aparecerem. E isso é o máximo que eu posso falar sem entrar em spoilers. Se você ainda não assistiu o anime, eu diria que pelo menos vale a pena dar uma chance a ele. Um bom cast de personagens, uma história simples e uma mais do que fantástica trilha sonora, ainda que a série não seja isenta de problemas (nem de longe) acredito que ainda pode no mínimo ser uma experiência divertida, especialmente se você gosta de obras mais voltadas para o público infantil. Não vai agradar a todos, é verdade, mas ei, o que consegue agradar? E dito isso, spoilers afrente. Vamos à review.

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Review – Digimon Tamers (Anime)

Digimon Tamers // Review 12/02/2015 // 1
Digimon Tamers

Lançado no japão em abril de 2001, Digimon Tamers, terceira série animada da franquia Digimon, talvez seja um daqueles animes bem conhecidos, mas bem pouco comentados. E isso por vários motivos. Em primeiro lugar, passados mais de 15 anos desde a exibição, este anime já pode ser considerado relativamente antigo. Em segundo lugar, o fato de ser, como todos os animes da franquia, voltado inicialmente para crianças, Digimon Tamers muitas vezes parece cair naquela estranha categoria que mescla um aspecto de nostalgia pelas tardes da infância perdidas em frente à televisão com uma mentalidade de “idade superada”. Ter sido bom para nossos “eus” de 10 anos não necessariamente significa ser bom para nós agora. Finalmente, existe também o elemento de que Digimon nunca foi, ao menos no Brasil, uma franquia imensamente popular. Claro, sempre teve uma boa quantia de fãs, mas não se pode comparar a popularidade de algo como Digimon com grandes como Dragonball Z, Cavaleiros do Zodíaco ou, mesmo, Naruto e One Piece. Entretanto, e dando aqui a minha opinião, eu acredito que este é um anime que merece um pouco mais de atenção do que a que recebe. Este não é apenas um bom anime de digimon, mas um bom anime num geral, que definitivamente consegue sobreviver ao teste do tempo. Mas vamos com um pouco mais de calma.

Produzido pela Toei Animation e escrito por Chiaki Konaka (responsável, dentre outros trabalhos, por Serial Experiment Lain), Digimon Tamers acompanha a história de Matsuda Takato, um garoto de 10 anos cujo principal passatempo é jogar um jogo de cartas de digimons. Um dia, Takato encontra entre seus pertences um digivice, por meio do qual acaba acidentalmente dando vida a seu próprio digimon: Guilmon. Inicialmente pensando que poderia apenas se divertir com um novo amigo, Takato acaba se vendo atirado numa realidade um pouco mais cruel, com digimons selvagens invadindo a cidade, outros humanos com digimons tentando lhe atacar, bem como com uma organização secreta cujo objetivo último é eliminar a todos os digimons que se quer tentem se materializar no mundo humano. E, como de costume, eu vou já deixar o aviso de que, a partir deste ponto, haverá spoilers. Num total, o anime tem 51 episódios e dois OVAs, e se por algum motivo você ainda não assistiu essa série fica dada a recomendação, mesmo para aqueles que não são gostam ou se interessam pela franquia digimon como um todo. Acreditem, Tamers é um pouco diferente dos demais animes da franquia e definitivamente merece uma chance.

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Digimon Adventure – Crescimento, Amadurecimento e Autoconhecimento

Digimon Adventure // Análise 08/08/2014 // 1
A busca pelo autoconhecimento é uma das noções centrais na série animada

Voltemos, por um momento, alguns anos no passado. 15 anos, para ser mais preciso, até março de 1999, quando lançava nos cinemas do Japão um filme de pouco mais de 20 minutos: Digimon Adventure. Primeiro filme e animação da franquia, à película se seguiu a série animada de mesmo nome, que contou, ao longo daquele ano, a história de sete (e depois oito) crianças que foram escolhidas para salvar a um outro mundo da destruição. Eu não irei me estender muito aqui em fazer a sinopse da história, pois acredito que a vasta maioria dos leitores certamente sabem do que o anime se trata, quer tenham assistido ou não. Mas, se você precisa de mais informações a respeito, pode clicar neste link aqui e dar uma rápida conferida na página da Wikipedia de Digimon Adventure.

Sobre o que é Digimon Adventure? Sim, eu sei o que acabei de dizer, que não ia fazer aqui uma sinopse da história, mas não é disso que eu estou falando. Deixando o “plot” de lado, sobre o que a história fala? Bom, se você, leitor, leu o título deste post, já deve ter uma ideia de qual seria a minha resposta a esta questão. Na minha opinião, Digimon Adventure se preocupa em cobrir três assuntos: o crescimento, o amadurecimento e o autoconhecimento. E eu não coloquei tais palavras nessa ordem por acaso: o anime dá importâncias diferentes a cada uma dessas etapas, com o autoconhecimento sendo certamente a mais importante. Mas bem, já estou me precipitando também, vamos ver isto com um pouco de mais vagar.

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