Texto originalmente publicado na página do blog no facebook, em 27/08/17
Production I.G (estúdio)
Uma Rápida Review – Dead Leaves

Eu vou ser bem direto: eu não gostei desse filme. Tipo, nem um pingo. Zero mesmo. Então essa review vai ser BEM curta, porque do contrário seria só eu xingando essa obra.
Sobre o que ela é? Piadas sexuais, tiros e sangue pra todo lado. Ah, o roteiro? É, então… Ele… Existe… Eu acho… Nossa dupla protagonista acorda pelada do lado de fora de uma cidade, viram bandidos, assaltam tudo que podem, são presos e mandados para uma prisão na lua… E isso em menos de dez minutos.
Uma Rápida Review – The Sky Crawlers

Nessas reviews semanais de filmes eu já falei de alguns títulos que eu colocaria como medianos, ou talvez apenas levemente abaixo da média. Sky Crawlers, porém, é o primeiro desse quadro que eu chamaria realmente de RUIM.
Honestamente, esse filme tem tantos problemas que é até difícil saber por onde começar =T Vamos então com o ponto mais problemático: esse filme é um TÉDIO. “Nada acontece, feijoada” ainda seria superestimar a capacidade de engajamento desse filme. Pra um filme que se passa em um cenário de guerra (mais disso em breve) e com foco em pilotos de aviões, você esperaria algo um pouco mais agitado. Mas nop, a ação aqui é praticamente inexistente (com apenas 3 cenas de combate aéreo em todo o filme, nenhuma durante mais que 10 minutos), e em seu lugar temos uma tentativa de slice of life do povo de um dos hangares onde ficam os aviões de combate.
Uma Rápida Review – Sarusuberi: Miss Hokusai

[Nota: há também no blog uma review mais aprofundada do filme]
O lado negativo de fazer essas pequenas reviews semanais está em, de quando em vez, topar com algum anime que você simplesmente não consegue gostar. O lado positivo, porém, está no exato oposto: aqueles poucos casos onde você encontra algo genuinamente especial.
Miss Hokusai é um ÓTIMO filme. Se passando no Japão do período Edo, a história se centra em Oei, filha do artista Hokusai. Se o nome não lhes parece familiar, Hokusai é muitas vezes apontado como o primeiro artista a usar o termo “manga” para descrever algumas de suas artes, e há quem argumente que é daí que vem o termo como o conhecemos hoje (é mais complicado que isso, mas eu literalmente tenho um artigo só sobre a história dos mangás, então se quiserem saber mais leiam lá).
[Vídeo] Uma Breve Indicação – Mahoujin Guru Guru
Mais novo vídeo do canal, agora falando um pouco de um dos meus animes favoritos do ano passado, mas que infelizmente foi também um dos mais ignorados pela maioria: Mahoujin Guru Guru. E se você já assistiu o anime, confira também a review completa dele aqui no blog.
Review – Mahoujin Guru Guru (Anime)

Em 1992, a revista Gekkan Shounen Gangan começava a seriar o mangá de Hiroyuki Eto Mahoujin Guru Guru. Em publicação até 2003, o mangá resultou em um total de 16 volumes encadernados, e teve sua primeira adaptação para anime já em 1994, pelo estúdio Nippon Animation. Essa adaptação correria por 45 episódios, sendo finalizada em 1995, e excetuando-se um filme de 30 minutos em 1996 a franquia só teria um novo anime em 2000, quando é lançado Doki Doki Densetsu Mahoujin Guru Guru, agora com 38 episódios e finalizando ainda em 2000. Com o fim do mangá, nove anos se passam antes que, em 2012, começa a ser seriada a continuação do mesmo: Mahoujin Guru Guru 2, em publicação até hoje. Assim, após todo este histórico nós finalmente chegamos na obra foco dessa review: o reboot de 2017 do anime, agora uma produção em 24 episódios do estúdio Production I.G.
Na trama, o Rei Demônio Giri acaba de se libertar após 300 anos selado. Partindo para derrotá-lo temos o relutante herói Nike e a ingênua, ainda que adorável, maga Kukuri, a última remanescente do clã Migu Migu, cuja magia, o Guru Guru, foi o que selou Giri no passado. Percorrendo dungeons, enfrentando monstros e fazendo novas amizades, ambos terão muito de evoluir antes de confrontarem o vilão final. E se isso pareceu um tanto quanto clichê e infantil, bom… esse é meio que o ponto. Mahoujin Guru Guru é uma paródia dos jogos de RPG do final do século passado, e uma muito bem feita, diga-se de passagem. É um anime hilário, que funciona mesmo para aqueles nada familiarizados com o gênero que está sendo parodiado (tipo eu). Uma recomendação fácil para literalmente qualquer um, tenham em mente que a partir daqui a review contará com spoilers da série toda.
Review – Sarusuberi: Miss Hokusai (Anime)

Sarusuberi: Miss Hokusai é um caso no mínimo curioso em termos de adaptação. Produzido pelo estúdio Production I.G., com direção de Keiichi Hara e lançado em 2015, o filme adapta ao mangá Sarusuberi, escrito e ilustrado por Hinako Sugiura. O curioso aqui está no fato de Sarusuberi, o mangá, foi lançado na revista semanal Manga Sunday, entre 1983 e 1987, com quase 30 anos separando-o de sua adaptação. Já um pouco menos surpreendente, mas ainda interessante de apontar, é o fato de que aparentemente o filme fez algumas mudanças em relação à obra original. O traço é a mais óbvia, com o mangá buscando um traço mais próximo àquele do japão do período onde se passa a história – o período Edo -, enquanto que os traços do filme são claramente mais modernos. Mas saindo da estética e entrando na história, parece que o filme introduz algumas cenas próprias, além de dar uma maior atenção a personagens que, no mangá, são bem mais secundários. O essencial, porém, foi mantido, e a premissa de ambos se mantém a mesma.
A história é focada no dia a dia de O-Ei, artista e filha de Katsushika Hokusai. Ambos são figuras históricas reais, com Hokusai (1760 – 1849) muitas vezes sendo apontado como o primeiro a usar do termo “mangá” para descrever o seu trabalho, em particular a sua série de pinturas Hokusai Manga. Claro, até que ponto podemos considerá-lo “biográfico” é algo que irei discutir mais adiante, mas é bom ter em mente que orbas desse tipo não devem ser de cara entendidas como um perfeito retrato do passado (ou das pessoas) que representam. E é importante salientar que aqui não há exatamente uma trama propriamente dita, com o filme assumindo um formato muito mais de slice of life, mostrando alguns momentos na vida de O-Ei. Isso em si mesmo pode afastar muitas pessoas, sobretudo aqueles que procurem uma estrutura narrativa mais convencional. Mas ainda recomendaria que dessem uma conferida no filme. É uma obra excelente, que se utiliza muito bem de seu tempo. Além disso, a partir daqui o texto terá spoilers, então considere esse o seu aviso.
Uma Breve Análise – Ghost In The Shell: Passado Sempre Presente

(Esta análise foi originalmente publicada na página do blog no facebook)
Uma das coisas que eu mais gosto em Ghost In The Shell, e isso eu falo tanto para o filme de 1995, como para o anime de 2002, é que ele nunca é futurista “demais”. Ok, vamos explicar isso melhor.
Um dos problemas que eu tenho com a ficção científica é como, algumas vezes, encontramos mundo futuristas onde o passado parece simplesmente… Superado. Esquecido. Abandonado. Só que não é assim que as coisas funcionam. A invenção de novas tecnologias não implica necessariamente o abandono das antigas. Basta ver, por exemplo, que os livros não desapareceram com a invenção do iPad.
E mesmo que, de fato, a nova tecnologia se torne dominante, sempre haverá aqueles que, por um motivo ou outro, ainda se atrelam às antigas. Talvez porque não tenham a verba necessária para comprar a nova. Talvez por uma questão religiosa, ou mesmo política. Ou talvez porque simplesmente preferem a antiga, vide todos os fãs modernos do formato LP.
Ghost In The Shell S.A.C. – Do Efeito Copycat ao Stand Alone Complex

Originalmente publicado na revista Weekly Young Magazine, em 1989, o mangá de Masamune Shirow, Kōkaku Kidōtai, daria início à franquia que ficaria mundialmente conhecida pelo seu subtítulo: The Ghost In The Shell. Acumulando diversas adaptações, do cinema aos vídeo games, este post se focará sobretudo na série animada, Ghost In The Shell: Stand Alone Complex, escrita e dirigida por Kenji Kamiyama e produzida pelo estúdio de animação Production I.G. Na série, que teve sua primeira temporada em 2002 e a segunda em 2004, acompanhamos os agentes do Setor 9 de Segurança Pública do Japão, uma unidade especializada em contra-atacar atentados de cyber-terrorismo. Ambientada no Japão de meados do século XXI, onde a integração entre o corpo humano biológico e as máquinas chegou a níveis nunca antes vistos, a série foi geralmente bem recebida, sendo criticamente aclamada desde por sua animação e trilha sonora até pela história e ambientação realista, ao menos para os padrões de uma obra de ficção científica.
Mas deixemos agora as considerações sobre as alegadas qualidades do anime e nos centremos no foco deste texto: suas questões de fundo. Em ambas as temporadas, o anime levanta diversas questões (algumas de forma mais sutil do que outras), que vão da inteiração homem e máquina até questões de políticas de estado. Mas há uma questão que é central em ambas as séries. Tão central que justamente dá o nome ao anime: a ideia de um “Stand Alone Complex” (algo como “complexo que se levanta por si só”, em tradução livre). Ao longo deste texto, farei algumas explanações sobre o conceito tal e qual aparece na série, bem como algumas contra-partidas, tanto teóricas como práticas, que podemos encontrar no mundo real. Para tanto, obviamente será necessário recorrer à spoilers, então se você for do tipo que não gosta de qualquer forma de revelação de conteúdo, e ainda não viu o anime, eu sugiro que pare a leitura por aqui. Juntando todos os episódios das duas temporadas, a série conta com um total de 52 episódios, e certamente vale a pena ser vista, até mesmo para melhor entender as considerações que serão feitas aqui.