Review – Arete Hime (Anime)

Arete Hime // Review 01/07/2016 1
Arete Hime

Contos de fadas já existem há um bom tempo, e devem continuar existindo por ainda outro tanto. Contudo, o único motivo pelo qual isto é verdade é por conta do forte caráter adaptativo destas histórias. O tempo passa, as culturas mudam, as pessoas mudam, e, finalmente, as histórias mudam. Arete Hime é, poderíamos dizer, um conto de fadas moderno, em sintonia com o mundo tal como ele é hoje. Neste sentido, é preciso, em primeiro lugar, ter em mente o público ao qual esse anime se dirige. É o público dos contos de fadas, afinal, e o filme certamente merece a classificação indicativa de “livre para todos os públicos”. Mas seria ingênuo, isso para não dizer injusto, considerar essa obra como apenas mais um desenho para crianças. Primeiro porque, como já coloquei em outros textos, é bastante preocupante a ideia que as pessoas tem de que algo ser para crianças o torna automaticamente ruim (uma ideia que, aliás, muito nos diz ao que estamos dispostos a expor as crianças). Mas em segundo lugar porque, para quem ainda não percebeu, ser “livre para todos os públicos” significa ser uma obra para toda a família: maiores inclusos.

Lançado em 2001, o filme é uma produção que aproximadamente 1h45min do estúdio 4ºC, com direção de Sunao Katabuchi. A história é inspirada em um conto de 1983, intitulado The Clever Princess, de Diana Cole. No anime, Arete é uma princesinha que deve passar seus dias em seus aposentos no castelo de seu pai, esperando pelo homem valente que prove ser capaz de a desposá-la. A menina, porém, claramente não está nada satisfeita com seu papel nesse sistema. E se essa premissa lhe parece familiar, relaxe: a obra sabe muito bem dar um tom único a este tema. É uma obra bastante introspectiva e calma, sem grandes aventuras ou contendas, o que é bastante raro quando imaginamos um filme infantil. Mas justamente por isso, é também uma obra que não subestima a sua audiência, o que, em face de alguns dos desenhos atuais, talvez seja ainda mais raro. Em adição, a forma como o anime subverte e mesmo desconstrói alguns dos clichês mais comuns dos contos de fadas fez com que o filme fosse recebido como uma obra feminista por excelência, e eu certamente consigo ver de onde viria tal afirmação. Isso dito, para falar mais eu precisarei entrar em spoilers, então já deixo aqui o aviso. Se você ainda não viu o filme, vale a pena. E no mais, vamos à review.

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