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2008
Uma Rápida Review – The Sky Crawlers
Nessas reviews semanais de filmes eu já falei de alguns títulos que eu colocaria como medianos, ou talvez apenas levemente abaixo da média. Sky Crawlers, porém, é o primeiro desse quadro que eu chamaria realmente de RUIM.
Honestamente, esse filme tem tantos problemas que é até difícil saber por onde começar =T Vamos então com o ponto mais problemático: esse filme é um TÉDIO. “Nada acontece, feijoada” ainda seria superestimar a capacidade de engajamento desse filme. Pra um filme que se passa em um cenário de guerra (mais disso em breve) e com foco em pilotos de aviões, você esperaria algo um pouco mais agitado. Mas nop, a ação aqui é praticamente inexistente (com apenas 3 cenas de combate aéreo em todo o filme, nenhuma durante mais que 10 minutos), e em seu lugar temos uma tentativa de slice of life do povo de um dos hangares onde ficam os aviões de combate.
Review – Evillious Chronicles (Vocaloid)
Histórias mais tradicionais, ou melhor colocando, o tipo de histórias que pensamos quando nos referimos à ficção, costumam ser bastante fechadas em escopo. O binômio cenário e personagens geralmente obriga a ação a transcorrer em um espaço – físico e temporal – bem pequeno. E ainda que flashes de um mundo maior eventualmente sejam mostrados – um personagem que veio de outro continente, um flashback sobre décadas passadas – a história que importa, por assim dizer, normalmente segue bastante localizada. Mas e se você quiser uma história maior? E se quiser contar uma história que se passe, por exemplo, durante um milênio, e que não esteja restrita a uma só localidade ou ao ponto de vista de apenas um pequeno grupo de personagens? Esse, pra mim, foi um dos maiores atrativos da franquia Evillious Chronicles, uma que começou com uma série de músicas cantadas por vocaloids (sintetizadores de voz, como a Hatsune Miku ou os gêmeos Kagamine Rin e Len) e que viria a se desdobrar em livros, mangás, peças de teatro, e sabe-se lá quantos produtos derivados. Uma história que teve início em 2008, e que só veio a terminar dez anos depois, em 2018.
Ela começa literalmente no início dos tempos, com a criação do mundo no qual se passa a trama, e avança em uma cronologia de mais de um milênio até o eventual – e inevitável – apocalipse. Durante esse período, vemos diferentes civilizações se levantarem e ruírem. Tecnologias serem criadas e perdidas. Fatos se tornarem mitos, e mitos se tornarem folclore. Diferentes religiões, diferentes sistemas políticos, um mundo em constante mudança e habitado por um vasto elenco de personagens. Uma história que começa com a chegada dos deuses, avança até a liberação dos Sete Pecados no mundo, prossegue mostrando os efeitos que tais pecados tiveram ao longo dos séculos, e se conclui com a chegada dos quatro possíveis finais. Se quiser uma melhor introdução a essa franquia, eu recomendo o meu texto Conheça Evillious Chronicles: uma Dark Fantasy que vai da Criação ao Apocalipse, e se já quiser mergulhar de cabeça nela confira então a minha recente lista de 1o excelentes músicas de Evillious Chronicles. Aqui, eu trago a minha review dessa franquia, mais precisamente da enorme história que ela conta, então tenham em mente que haverá spoilers daqui em diante. E aos ficaram, vamos então em frente.
Review – Michiko to Hatchin (Anime)
[Confira também o vídeo-indicação do anime, sem spoilers]
Quando se fala sobre representações do Brasil nos animes, é quase inevitável que cedo ou tarde surja o nome de Michiko to Hatchin. Uma história original em 22 episódios do estúdio Manglobe, de 2008, a obra tem roteiro de Takashi Ujita e direção de Sayo Yamamoto, se passando em um país fictício canonicamente localizado na América do Sul. A inspiração no Brasil dos anos 1960 e 1970, porém, é mais do que evidente. Da língua escrita à geografia, população e música, a representação do nosso país que esse anime dá seria de fazer inveja a muitas novelas nacionais, e eu digo isso sem um pingo de exagero. Isso dito, a obra também se reserva ao direito de tomar certas liberdades, e se o cenário é majoritariamente inspirado no Brasil ainda existem partes claramente baseadas em outros países da América latina.
Mas vamos à sinopse logo: na história, Michiko Malandro acaba de fugir da prisão de Diamandra, após onze anos presa. Ela parte em busca da menina Hana Morenos, de nove anos, e após resgatá-la de seu lar adotivo abusivo, diz para ambas partirem em busca do pai de Hana, Hiroshi Morenos, antigo namorado de Michiko, ex-integrante da organização criminosa Monstro Preto, e que havia sido dado como morto desde que Michiko estava presa. As duas então partem em uma viagem através do país, enquanto são perseguidas pela detetive Atsuko Jackson, que está decidida a colocar Michiko de volta atrás das grades. É um anime bem divertido, e quem não viu ainda eu recomendo que ao menos dê uma olhada. Até porque, a partir daqui, o texto terá spoilers, então siga por sua conta e risco.
[Vídeo] Uma Breve Indicação – Allison to Lillia
Já assistiu o novo vídeo lá do canal? Se não, venha conhecer o divertido anime Allison to Lillia, na mais nova indicação do canal. E se gostar, não se esqueça de curtir o vídeo e se inscrever: tem vídeo novo todo sábado! E se pr ventura você já conhece Allison to Lillia, não deixe de dar uma lida na review do anime aqui no blog.
Uma Breve Análise – Kaiba: Design Como Mensagem
(Esta análise foi originalmente publicada na página do blog no facebook)
Kaiba, uma produção original de 2008 do estúdio Madhouse, certamente figura entre os animes com os designs mais únicos que eu já vi. Claramente inspirado no estilo cartoon americano, mas usando dele para construir uma história altamente provocativa e que instiga a reflexão, desde que eu vi a prévia do anime eu me perguntei qual o motivo de usar aquele traço.
Claro, a razão bem poderia ser “porque sim”. Não nego que nós, como espectadores, estamos um tanto quanto acostumados demais a um tipo bastante específico de design, e que qualquer artista pode – intencionalmente ou não – se desviar desse design “genérico” de “anime” sem precisar realmente dar qualquer satisfação. Isso dito, eu acho que existe alguma coisa por trás do caso de Kaiba.
No universo de Kaiba, as memórias de uma pessoa – e aparentemente mesmo a sua própria consciência – podem ser transferidas para um chip, que pode então ser passado de corpo a corpo. Essa é a própria premissa da série, que de certa forma já denuncia um ponto a ser levantado: a distinção entre o natural e o artificial.
Review – Allison to Lillia (Anime)
Allison to Lillia é um anime de 2008 produzido pelo estúdio Madhouse, contabilizando 26 episódios e com direção de Masayoshi Nishida. E o interessante a seu respeito é que ele é uma espécie de “dois em um”: enquanto a maioria dos animes adapta apenas uma fonte qualquer (mangá, novel, etc.), Allison to Lillia adapta duas séries de light novels escritas por Keiichi Sigsawa: Allison e Lillia to Treize. A escolha não é assim tão estranha, considerando que Lillia to Treize é uma continuação direta de Allison, acompanhando as aventuras da filha da personagem título da obra anterior. Ainda assim, isso deu ao anime essa curiosa característica de termos 13 episódios acompanhando um certo grupo de personagens em suas aventuras, e ai pelos 13 episódios seguintes nós temos o cast quase que inteiramente renovado com aparições esporádicas dos personagens da metade anterior. A sensação que temos é mesmo a de serem dois animes diferentes, apenas com um sendo a sequência do outro. Bom, não que isso seja um defeito em si mesmo, mas falemos mais disso durante a análise [rs].
Por agora, uma rápida sinopse: a história se passa num continente dividido pela guerra entre duas grandes nações, Roxche e Sous-Beil, com o motivo do conflito sendo que ambos os países alegam ser o verdadeiro berço da humanidade. Em Roxche, o estudante Wilhelm (ou apenas “Will”) recebe a visita de sua amiga de infância e atual piloto do exército do país, Allison, e quando os dois tomam conhecimento de um tesouro que poderia por fim a guerra entre as duas nações, é aqui que a história deles começa. Já a segunda metade do anime segue as aventuras de Lillia, filha de Allison, e seu amigo de infância Treize, mas falar mais do que isso seria spoiler. Ambas as metades seguem um esquema de arcos curtos, de mais ou menos 3 a 5 episódios, e num geral o anime pode ser resumido como uma obra imensamente leve, divertida, com personagens bastante carismáticos, uma animação competente e uma excelente trilha sonora. Quem não viu ainda, ele definitivamente vale a pena, sobretudo se você procura algo apenas para relaxar. No mais, spoilers adiante, siga por sua conta e risco.
Review – Shigofumi (Anime)
Existem animes que, mesmo depois de algum tempo após o seu final, ainda reaparecem, vez ou outra, na cabeça daqueles que o assistiram. Normalmente, isso parece ocorrer especialmente com obras que tiveram bastante longevidade. Faz sentido: quanto mais longa uma obra, mais chances ela terá de soltar aquele momento em que algo é tão incrível, tão fantástico, que simplesmente fica na cabeça do espectador muito tempo depois dele ter assistido ao evento. Outra possibilidade, porém, é a popularidade que um anime pode alcançar. É difícil não se lembrar de um anime que todos comentam e recomendam, mesmo muito depois de seu final. O anime da review de hoje, porém, não apreciou nenhum dos dois fatores. Tendo apenas 12 episódios mais um OVA (inserido apenas em seu lançamento em DVD), é um anime bastante curto para os padrões gerais. Ao mesmo tempo, não é uma obra que comumente vemos ser comentada, então “popular” certamente não seria a palavra para descrevê-lo. Ainda assim, Shigofumi é, ao menos para mim, um anime que consegue se imprimir na mente de quem o assiste. Por que? Bom, vamos do começo…
Antes de mais nada, convém dar uma breve sinopse da obra. O anime em si foi produzido pelas companhias Bandai e Genco, tendo sido criado por Tomoro Yuzawa e contando com roteiro de Ichiro Okouchi e direção de Tatsu Sato. Nele o espectador acompanha os passos da personagem Fumika, uma carteira bastante diferente do ordinário. Diferente, pois as cartas que Fumika entrega vem do “outro lado”. São, em fato, as últimas palavras daqueles que se foram, endereçadas a quem o falecido desejar. Acompanhada tão somente de seu cajado mágico Kanaka, capaz de falar, Fumika procura tão somente cumprir diligentemente sua função como carteira do outro mundo. Falar mais do que isso, porém, exigirá alguns spoilers, de forma que o leitor mais preocupado com este tipo de coisa talvez prefira parar por aqui. O anime certamente vale a pena assistir, especialmente por se mostrar bem mais profundo do que sua sinopse poderia indicar. Então se você é do tipo que odeia spoilers, vá lá e assista o anime antes de voltar aqui o/