Alita: Anjo de Combate.
Roteiro:
Durante os anos 80 e 90, proliferou no Japão a indústria do OVA, animes lançados diretamente em mídia física. Algo que não apenas permitiu o lançamento de diversos títulos originais, como também abriu as portas para se adaptar não poucos mangás que, sobretudo pelo seu conteúdo violento, talvez não fossem bem quistos pela televisão da época.
Agora, enquanto houve séries que atingiram invejável longevidade nesse formato, na vasta maioria dos casos nós estamos falando aqui de algo em torno de um a seis episódios, não raras vezes apenas um pequeno vislumbre no universo da obra original.
Hyper Future Vision Gunn, ou Battle Angel Alita, como o título ficou conhecido no ocidente, é a adaptação do mangá homônimo de Kishiro Yukito, contando com apenas dois episódios no total, que juntos adaptam, com bastante liberdade, o que seria o primeiro arco do mangá original.
Nossa história começa no mundo distópico da Cidade da Sucata, localizada abaixo da imponente Zalém, a cidade flutuante. No lixão localizado no centro da Cidade da Sucata, o médico Ido encontra os restos de uma ciborgue não identidade, que para sua surpresa ainda apresenta padrões cerebrais ativos. Levando-a para casa, ele a restaura e reanima, mas eis que a garota retorna com um forte caso de amnésia, não se lembrando de nada do seu passado.
A menina é batizada de Gally – ou Alita, como a personagem ficou mais conhecida no ocidente -, e nesses dois episódios nós vemos um pouco de sua vida nesse mundo. Sua relação com Ido. Como ela se revela bastante apta ao combate, e decide se tornar uma caçadora de recompensas. Seu primeiro amor. E por ai vai.
Como boa parte dos OVAs de sua época, esta é uma história incompleta, que não substitui a experiência de ler o mangá. O que talvez afaste alguns da obra, mas eu diria que apesar das perguntas que a série deixa no ar ainda se trata de um título bastante sólido.
Para uma história com apenas pouco mais de uma hora no total, Gunnm faz um ótimo trabalho de nos apresentar seus personagens – cada qual surpreendentemente bem caracterizado, com suas próprias ambições, desejos e visões de mundo – o seu universo – um mundo sujo e desolado, onde impera a criminalidade e a violência e sobre o qual paira de forma quase que onipresente a tentação inalcançável de um mundo melhor – além das suas temáticas, com cada episódio lidando com seus próprios temas e ideias.
Seu ritmo é o mais difícil de julgar. Tendo lido o mangá original, vou dizer que o anime por vezes me soou um pouco apressado, mas é bem possível que para alguém que o assista sem nenhum conhecimento prévio da obra essa sua velocidade quase frenética, mas que ainda assim oferece importantes pontos de respiro, dê um charme a mais para a obra, de forma que ela nunca pareça entediante.
E claro, não poderia deixar de destacar o visual. Enquanto eu diria que sua animação é bastante aceitável, ainda que não mais do que isso, Gunnm encarna muito bem essa estética dos anos 80 e começo dos anos 90, sendo uma ótima pedida para os fãs dessa época em específico da animação japonesa. Ah sim, e temos aqui uma excelente direção, com diversas composições bonitas tanto quanto impactantes.
Seja você fã do mangá original, seja um completo novato na franquia, vale a pena dar uma chance a esse anime, que por curto que seja, sabe muito bem como usar de seu tempo para entreter e cativar.
Eu gosto desses OVAs super curtos que eram praticamente só propaganda. Como propaganda, eles funcionam bem melhor do que séries inteiras de 10+ episódios.
Nesse sentido, recomendo que assista 3×3 Eyes =)
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