[Vídeo] Eu não gostei de Tate no Yuusha no Nariagari


Quando “genérico” se torna “ruim”?


Roteiro:

Eu não costumo fazer prelúdios para os meus vídeos, mas eu acho que nesse caso em particular é importante salientar que isto aqui, este vídeo, é uma experiência. Eu não costumo tratar de animes que eu não tenha gostado, mas como polêmica atrai views e Tate no Yuusha é um dos animes mais comentados da temporada, resolvi tentar a sorte com um novo quadro aqui pro canal. Então sem mais delongas, vamos lá:

Eu não gostei de tate no Yuusha no Nariagari. Ao ponto mesmo de ter dropado o anime na metade do primeiro episódio.

E o motivo é bastante simples: eu achei ele extremamente genérico. MAS, falar isso não significa lá muita coisa. “Genérico” é um termo bastante vago, e há mesmo quem discorde de que ser genérico seja igual a ser ruim. Então para o restante deste vídeo, permitam-me tentar explicar o que eu quero dizer com esse termo e porque eu acho que isso seja um problema.

Começando, já, com o protagonista.

Os primeiros dois minutos de Tate no Yuusha servem para nos falar quem é o nosso protagonista. Um otaku, estudante universitário, que não se considera um recluso. E meio que é isso. São dois minutos de exposição que, para ser bem sincero, não nos diz NADA, ou pelo menos nada que o próprio visual já não dizia. Já vemos o quarto dele com parafernálias otaku, e ele sai de casa pra ir ver light novels na livraria. Mesmo nome e idade serão dados um pouco mais pra frente, após ele ser chamado para o outro mundo. Tirassem essa narração inicial, o que seria perdido?

Talvez a informação que ele é um estudante universitário. Mas de qual curso ou faculdade? Quem sabe a informação que ele ajudou o irmão. Mas qual era o problema e o que ele fez? Toda informação que nos é dada é ou redundante com o que nos é mostrado, ou é mantida tão vaga que não realmente caracteriza o personagem.

É somente após ele ser invocado para o outro mundo que nós começamos a ter uma ideia melhor de quem ele é como pessoa. O problema é que o personagem continua bem básico, um garoto ingênuo e impressionável, mas de bom coração. E eu sei que isso é construção para o twist que virá mais adiante, mas a verdade é que isso é parte do problema.

Apesar de, como eu já disse, eu ter abandonado o anime ainda na metade do primeiro episódio, eu já fui pra ele sabendo do que viria adiante. Então eu sei que todo esse começo busca construir um senso de normalidade, de “isekai genérico”, que será então quebrado quando da traição da companheira dele. O problema é que o anime parece consciente demais do que está tentando fazer.

Ainda que eu não goste de usar de comparativos, esse primeiro episódio de Tate no Yuusha me lembrou bastante o primeiro episódio de Goblin Slayer. Nele, somos apresentados a uma party de aventureiros que está para tentar o seu primeiro assalto contra um ninho de goblins, e o problema é que todo mundo nessa party é tão insuportavelmente convencido que é praticamente como se tivessem MORTO escrito na testa. E para a surpresa de absolutamente ninguém, é exatamente o que acontece.

Tate no Yuusha faz algo semelhante, tentando criar uma sensação de normalidade que simplesmente não funciona. O protagonista é tão deslumbrado, mas tão deslumbrado, que fica mais do que evidente que o único caminho pelo qual esse roteiro pode ir é fazê-lo quebrar a cara. E quando uma garota se junta a ele – a única que decide fazê-lo – e ele só faz pensar em como quer protegê-la e fazê-la feliz… Bom, era pra traição dela ser um twist? Porque honestamente, era isso ou ela morrer. Não tinha outra opção. Porque de alguma forma o protagonista tinha que quebrar a cara.

Mas voltando a esse começo, temos também a questão dos elementos de RPG nesse mundo. Que estão ali porque…?

Para ser justo, que mundos de isekai se pareçam com um PRG não é nada de novo. CLAMP já fazia isso com Guerreiras Mágicas, e o mangá é de 93. Mas é um pouco mais recente a introdução de verdadeiras mecânicas de jogo nesses mundos – como uma literal tela de status ou barras de vida.

Em certos contextos, faz sentido. Em Sword Art Online – que não é bem um isekai, mas que seja – os personagens estão literalmente em um jogo. Em algo como Logh Horizon ou Overlord, os personagens estavam jogando um jogo quando foram transportados para um mundo que opera muito como um jogo – com isso sendo inclusive parte do mistério de ambas as séries. Mas o Naofumi estava… lendo um livro? Oi?

O anime até tenta dar uma pseudo justificativa, conforme os demais três invocados colocam que aquele mundo era algum tipo de jogo no mundo de onde eles vieram. Mas do nosso ponto de vista, seguindo o protagonista, a presença desses elementos de video game ali faz bem pouco sentido. E fica parecendo que só estão ali porque, parafraseando o protagonista, isso é bem light novel.

E por último nós temos o design de cenário do anime, que foi outro elemento que me incomodou bastante pelo quão genérico ele é. É um cenário bem pouco inspirado, bem pouco distinto, que parece igual a trocentas vilas de fantasia medieval que você já viu em trocentos outros isekais diferentes. Sério, se eu colocasse o cenário de outro anime no lugar do de Tate no Yuusha, vocês se quer notariam? Talvez sim pelo de Tate no Yuusha ser ligeiramente mais escuro do que a média, mas só por isso também.

Considerem isso. Personagens arquetípicos mal caracterizados. Uma trama óbvia, fácil de ver para onde vai justamente pela falta de tato e de sutileza da obra. Um worldbuilding capenga, e um visual que não impressiona. Aos 25 minutos do primeiro episódio, eu estava ridiculamente ENTEDIADO. E foi ai que eu larguei mão.

E eu acho que é nesse ponto que “genérico” se torna um problema. Porque Tate no Yuusha não entrega nada de novo, mas ele também não trabalha os seus clichês de uma forma particularmente bem feita. São todos clichês que meio que só estão lá, e que só estão lá porque, de novo, isso é bem light novel.

Tem um artigo no blog onde eu exploro um pouco a questão dos clichês, e de como o real problema em se tratando deles é a sua utilização acrítica, quando um autor faz uso do clichê só por fazer, sem realmente entender porque esse clichê existe e sem querer dizer ou fazer qualquer coisa ao utilizá-lo. Histórias assim soam como um frankenstein mal costurado, uma colagem de elementos que não se comunicam, praticamente um corpo sem alma, e é isso o que eu geralmente chamo de “genérico”.

MAS essa é a minha opinião. Digam ai nos comentários, o que você acham? E pra você que está gostando de Tate no Yuusha: por que? Não, sério, diga ai o que você vê de especial nesse anime, ainda mais numa temporada como a atual. Eu faço esses vídeos para abrir a conversa, então… vamos conversar.

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