Funciona… Mas só isso já faz um bom filme?
Eu fui para esse filme sem saber nada a seu respeito. Quando muito havia visto seu poster, mas meu conhecimento prévio da obra acabava ai. Felizmente, os créditos de abertura já cuidam de dizer o que se poderia esperar do título, pelo menos se você já está familiarizado com a mídia anime. Do estúdio P.A. Works eu esperava cenários estonteantes, e da diretora Mari Okada eu esperava um bom tanto de melodrama. Não estava errado: o filme possui a ambos. Ainda assim, a experiência final foi bastante desapontante.
É difícil dar uma sinopse de fato para Sayonara no Asa ni Yakusoku no Hana wo Kazarou (ou Maquia: When the Promised Flower Blooms), o que é parte do problema. A história começa nessa vila isolada do mundo, onde habitam os Iorph, pessoas que não envelhecem e que passam seus dias tecendo o Hibiol. Eis, porém, que essa vila é ataca e as mulheres são sequestradas. Por puro acidente, Maquia, nossa protagonista, consegue evitar os captores, mas termina perdida no meio da floresta, onde topa com um acampamento humano que acabara de ser alvo de ladrões. Ali, chorava um bebê, que Maquia decide adotar.
O que se segue é, francamente, grandioso demais para a mídia na qual a história está. Através de constantes time skips, vemos o bebê que Maquia adotou crescer, com ambos constantemente mudando de lugar devido à perseguição que os Iorph seguiam sofrendo. Ao fundo, uma sub-trama política, que prefiro evitar de detalhar, pois acredito que aqui já estaríamos entrando em spoilers.
Confesso que é um bias meu. Simplesmente não me agradam filmes que tentam ter um escopo amplo demais, cobrindo longos períodos de tempo, múltiplas localidades, diversas tramas e sub-tramas paralelas, e uma multitude de temas. É simplesmente demais, e o resultado final costuma ser que nada é apropriadamente desenvolvido: o que é certamente verdade neste caso. Fosse Maquia uma série para a televisão tamanho escopo seria justificado, mas tentar incluir tanto em míseras duas horas o torna uma experiência simplesmente frustrante.
Também não ajuda o fato de ser um filme básico, um compilado de clichês que não posso deixar de pensar já ter visto melhor em algum outro lugar. Seu tema central é o da maternidade, e mesmo aqui eu não posso dizer que o filme seja particularmente inventivo ou único. E há de se mencionar que é um filme que não sabe quando acabar: quando parece que atingimos o clímax e subirão os créditos, eis que tem ainda mais uma cena. E depois mais uma. E depois mais uma. E depois mais uma.
Reconheço que o filme funciona, como os comentários positivos que ele recebeu já cuidam de demonstrar. Sua sequência final, apesar de todos os apesares, consegue ser tocante e emocionante, sobretudo graças a um ótimo trabalho de direção e de direção de som. Mas “funcionar” é o bastante? Tenho certeza de que para algumas pessoas sim, mas eu não me incluo entre elas. Um filme apenas funcional é também um filme esquecível, e não raras vezes tedioso. Em meio a tantas obras existentes, prefiro gastar meu tempo com algo bom do que com algo meramente ok.
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Ficha técnica:
Título: Sayonara no Asa ni Yakusoku no Hana wo Kazarou
Ano: 2018
Estúdio: P.A. Works
Adaptação de: —
Direção: Mari Okada