Uma Breve Análise – Slow Start: Ansiedade

Algumas palavras sobre ansiedade.

Quando primeiro li a sinopse de Slow Start, confesso que fiquei um tanto quanto confuso. Anime de 2018 que adapta ao mangá yonkoma homônimo de Tokumi Yuiko, publicado na revista seinen mensal Manga Time Kirara, a história de Slow Start começa quando nossa protagonista perde a data do seu exame de admissão no ensino médio devido a estar doente no dia. Um ano se passa, o período de matrículas retorna, e Ichinose Hanna está agora bastante preocupada de ir para o colégio local, onde todos saberiam que ela ficou um ano para trás.

Sua mãe assim sugere que ela vá morar sozinha, num complexo de apartamentos gerido pela sua prima, onde Hanna poderia se matricular numa escola na qual ninguém saberia da sua condição. E assim toca a história: um nichijoukei bastante básico onde vemos Hanna fazendo amizade com algumas garotas em sua nova escola enquanto tentando manter em segredo o fato de ser um ano mais velha que todas. O que fez eu me perguntar: ficar um ano para trás é mesmo algo tão grave assim no Japão?

Nós sabemos que a cultura japonesa é uma que vive pela máxima “prego que se destaca é martelado primeiro”, mas… Isso? Nem foi culpa da própria Hanna para começo de conversa! Francamente, essa situação mais soava como um exagero do roteiro para ter algum tipo de conflito que distinguisse minimamente esse anime de outros no mesmo gênero. Contudo, se você se prestar a assistir esse anime, vai logo perceber algo bastante curioso: Hanna é uma garota ansiosa.

Falemos um pouco sobre a Hanna.

E se as pessoas a acharem estranha por ter ficado um ano para trás? E se decidirem se afastar dela por conta disso? E se a odiarem? Ela terminaria sozinha, isolada, talvez até se tornasse uma vítima de bullying! Bom, ou pelo menos é isso que a Hanna teme. É um pensamento realista? O interessante é que o anime parece dizer que não, tanto que as poucas pessoas que ficam de fato sabendo da sua condição não parecem realmente se importar com isso. Mas é assim que opera a ansiedade: a realidade dos fatos, aqui, importa bem pouco.

Talvez o momento que melhor ilustra esse lado da personagem seja num episódio em que a Hanna encontra um parafuso no chão do seu apartamento, e não consegue dormir pelo medo de que talvez todo o prédio estivesse vindo abaixo. Se isso parece bobo, eu diria que isso é meio que o ponto. Pois é exatamente assim que age a ansiedade, com nossa mente extrapolando situações e criando cenários que podem mesmo nos colocar em um estado de pânico: inclusive com sintomas físicos, como palpitações, tonturas, suor frio…

A ansiedade da Hanna talvez não seja assim tão drástica, ainda que obviamente esteja acima da linha do que seria considerado o nível normal. Mas foi interessante ver que a premissa de Slow Start é uma que advém totalmente do tipo de personagem que é a sua protagonista. E se seus medos soam como exageros infundados, de novo, isso é meio que o ponto – bom, ao menos o ponto dessa personagem. E é interessante que Hanna não é a única personagem a sofrer disso, com a personagem Hannen apresentando os mesmos problemas.

Hannen: faceta adulta do mesmo problema.

Agora, para que isso fique claro, eu não realmente diria que Slow Start é um anime sobre ansiedade, mas eu diria sim que ele a retrata muito bem (e eu falo isso do ponto de vista de alguém que já foi parar no pronto socorro por problemas de ansiedade… duas vezes…). Infelizmente, o anime não realmente faz muita coisa com seu tema. O caso da Hannen ainda fornece um bom modelo do que fazer quando a ansiedade se torna um problema: enfrentar seus medos da melhor forma possível. Mas a Hanna em si segue até o final da forma que começou.

Isso certamente se deve ao fato de que o mangá de Slow Start ainda está em lançamento, e qualquer que seja a resolução final que será dada para o conflito da protagonista muito provavelmente só virá ao término deste. O anime até tenta ter uma resolução própria, com a Hanna percebendo que não tem nada de errado em manter um segredo de suas amigas, mas é uma solução que não realmente se liga aos problemas de ansiedade da protagonista – daí eu dizer que Slow Start não chega a ser sobre esse tema.

Ainda assim, foi interessante. Eu quero deixar bem claro que Slow Start não foi nenhuma obra prima, o que também não significa que tenha sido ruim. É um anime que provavelmente só irá agradar aos fãs de seu gênero, e um cujo maior distintivo é o quão fluida é a sua animação (talvez uma das melhores de 2018 nesse aspecto). Mas falando como alguém que não esperava nada desse título, acabou que o anime foi uma boa experiência. Obviamente não é o primeiro anime a tocar no tema da ansiedade, mas ao menos o fez com surpreendente sobriedade.

E você, leitor, que achou de Slow Start? Sinta-se a vontade para descer um pouco mais a página e deixar um comentário com a sua opinião.

Imagens:

1 – Slow Start, episódio 1

2 – Slow Start, episódio 1

3 – Slow Start, episódio 4

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Um comentário sobre “Uma Breve Análise – Slow Start: Ansiedade

  1. Agradeço pela indicação. Tenho pessoas próximas que sofrem muito com esse problema e vou ver o anime por causa disso, mesmo não sendo um que eu normalmente veria. Abraços e parabéns pelo ótimo site que sempre que posso, indico para as pessoas.

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