Clichês, estagnação e o problema dos animes.

Mawaru Penguindrum // Ensaio 12/08/2017 // 1
Quando o anime parece interessante, mas é só a mesma pilha de clichês de sempre.

Originalmente, eu pretendia fazer um artigo listando alguns dos clichês que mais vêm me irritando nos últimos tempos, do tipo que faz você revirar os olhos e se perguntar se realmente vale a pena continuar acompanhando aquela história. Inicialmente a lista teria apenas cinco entradas e depois eu pensei em aumentar para dez, quando então eu percebi que praticamente todas elas se referiam a uma mesma “coisa”: os personagens. Suas personalidades, seus comportamentos, e por ai vai.

Por exemplo, um dos clichês que eu pretendia citar nessa lista era como o protagonista parece sempre precisar de um motivo altamente pessoal para agir ou fazer o que for. A perda de algum ente querido, algum outro evento traumático no passado… Recentemente eu li o mangá Carnaval Glare, publicado no Brasil pela editora Nova Sampa (com uma das piores traduções e diagramações que eu já vi em um mangá, mas isso não importa agora). Na história, existem estes seres que causam mortes e destruição conhecidos como Bruxas, e que só podem ser combatidos por humanos especiais capazes de empunhar armas especiais. Tais humanos formam uma espécie de força policial que lida com incidentes envolvendo Bruxas, e nosso protagonista é o capitão dessa força. E ele luta contra as Bruxas porque uma delas matou a sua irmã mais nova no distante passado.

Várias obras fazem algo do tipo, onde você tem uma ameaça a praticamente toda a humanidade, e ainda assim a obra sente que precisa dar uma motivação mega pessoal ao protagonista para justificar ele lutar. Nisso, a decisão do Eren de enfrentar os Titãs, em Shingeki no Kyojin, vem após a morte de sua mãe, ao passo que a vontade de Gon de lutar contra as formigas quimeras, em Hunter x Hunter, vem sobretudo por um desejo de salvar o Kaito. E isso só para dar alguns exemplos de um dos clichês que eu pretendia citar.

Hunter x Hunter // Ensaio 12/08/2017 2
“Nada pessoal” é uma expressão inexistente no vocabulário de um protagonista.

O que me incomoda nesse clichê é o quão desnecessário ele é. Frequentemente as ações do protagonista poderiam ser justificadas com qualquer outra coisa, desde ideologia à puro bom senso, mas a obra ainda assim age como se o ser humano só pudesse ser movido na base de traumas de infância.

Outro clichê que eu pretendia citar me incomoda pelo mesmo motivo: soar desnecessário. No caso, seria o clichê do personagem que esconde uma informação importante, algo que pode vir de duas formas. Na primeira, temos um secundário ou figurante qualquer que deliberadamente esconde uma informação dos protagonistas sem qualquer motivo aparente, muitas vezes justificando a decisão com algo vago como “você não precisava saber” ou “não era o momento certo de revelar”. Já a segunda forma é aquela na qual algum personagem do grupo central esconde algo dos demais, muitas vezes resultando em drama desnecessário quando o segredo é descoberto, e nisso chovem frases como “mas por que não contou antes, não confia nos seus amigos?”, ou coisa que o valha.

Em ambos os casos, o segredo é tão somente um stall na história, uma forma de fazê-la durar mais do que ela realmente precisava durar. No final, o segredo é revelado, o drama é resolvido, e a história segue essencialmente o exato mesmo curso que ela teria seguido se o personagem em questão tivesse contado o que sabia desde o início.

Re Creators // Ensaio 12/08/2017 3
Quando o protagonista esconde uma informação importante porque o contrato diz que o seu anime precisa ter vinte e poucos episódios.

Outro clichê que me irrita: a ideia de que um soco resolve literalmente tudo. Eu entendo ter que vencer o inimigo na base de alguns socos, mas quando, na história humana, foi uma boa ideia dar um murro na cara de quem estiver tendo um treco? Porque anime adora fazer isso, vide cenas como o Simon surtando em Tengen Toppa Gurren Lagann e sendo trazido de volta à sanidade com uma porrada do Kamina – um cenário absurdamente comum nessa mídia. Acha que alguém está sendo insensato? Dê-lhe um murro na cara, certamente isso fará a pessoa repensar seus atos e crescer como ser humano (bom, exceto quando não).

E só para dar ainda outro exemplo, mais um clichê que pretendia citar é a típica frase “você mudou”. Em primeiro lugar, ela me incomoda pelo quão não-natural ela soa. Se você ficar muito tempo sem ver alguém, quando se encontrarem talvez comentem como o outro cresceu ou engordou mas é bem pouco provável que alguém com quem você fala todo dia vire para você e diga algo como “você mudou, não é?” Mas organicidade de lado, essa frase também me incomoda pelo quão expositiva ela é. Se o personagem realmente mudou, provavelmente não precisamos de ninguém para nos dizer isso, mas se ele não mudou a frase soa apenas como insincera e preguiçosa.

Talvez justamente por isso eu goste tanto do pequeno twist que Digimon Tamers [review] adiciona a esse clichê. Perto da luta final contra o D-Reaper, Takato diz, para os demais, como eles não mudaram. A frase quase soa contraditória, porque na superfície eles de fato mudaram. Takato se tornou mais ativos, Ruki aprendeu a se abrir mais para as pessoas, Lee aprendeu que existem coisas pelas quais vale a pena lutar. Mas na essência eles ainda são quem eram quando o anime começou. Aqui, a frase abre a discussão, ao invés de encerrá-la. Ela faz o espectador refletir sobre quem de fato são esses personagens, ao invés de forçadamente tentar fazê-lo aceitar que eles mudaram porque o roteiro diz que eles mudaram.

Digimon Tamers // Ensaio 12/08/2017 // 4
“Não mudamos”

Mas de longe clichê que mais me irrita são os vários arquétipos femininos das personagens de animes. Tsundere, kuudere, dandereyandere, osananajimi (amiga de infância), galyankee. Frequentemente o anime possui um elenco de personagens femininas que conseguem ser mais planas do que uma folha de papel, a tal ponto que podem ser definidas não em um parágrafo ou em uma frase, mas em uma só palavra. Recentemente eu inclusive desisti de acompanhar o anime de nome ridiculamente gigante Shuumatsu Nani Shitemasu ka? Isogashii desu ka? Sukutte Moratte Ii desu ka? justamente porque as personagens femininas nem pareciam com personagens de fato. Chtholly soava apenas como mais uma tsundere genérica, enquanto que Ithea é a sua típica garota hiperativa com orelhas de gato. Admitidamente eu larguei o anime no episódio cinco, então talvez a coisa tenha melhorado até o final, mas para todos os efeitos o que eu vi me bastou para decidir que não valia a pena continuar com aquilo.

Suka Suka, como o anime é conhecido, nem de longe está sozinho nessa. Para ser bem sincero, justamente por isso eu passei a ativamente evitar todo e qualquer anime cujo pôster for composto por um personagem masculino cercado de personagens femininas. Pior ainda se for uma adaptação de light novel. Houve um tempo no qual adaptações de light novel não tinham nada de radicalmente diferente de adaptações de outras mídias, como aquelas de mangás ou de videogames, podendo mesmo trazer histórias interessantes e inovadoras, rendendo obras como Toshokan Sensou, Baccano [review], ou mesmo o meu anime favorito, Kino no Tabi [review], mas atualmente “adaptação de light novel” é sinônimo de personagens arquetípicas em algum cenário de fantasia ou de comédia romântica, que apela para os mais baixos denominadores comuns possíveis, e que provavelmente ficará com um final em aberto esperando uma segunda temporada que nunca virá (provavelmente porque ninguém se deu ao trabalho de assistir a exata mesma história de sempre pela enésima vez só naquela temporada).

Shuumatsu Nani Shitemasu ka // Ensaio 12/08/2017 // 5
Olha, a trocentésima nona tsundere da semana.

Não me entendam mal, eu de forma alguma simpatizo com sentimentos de nostalgia barata, nem acho que antigamente era tudo melhor e que hoje em dia tudo está ruim. Em primeiro lugar porque de fato há muita coisa boa atualmente. Tsuki ga Kirei [review] conseguiu ser um bom romance sem apelar para o cenário clichê de um mal entendido por minuto para fazer sua história durar mais do que precisa, ao passo que Youjo Senki conseguiu trazer uma história de isekai (transportado para um outro mundo) relativamente inovadora e interessante. Mas para além disso, eu bem sei que havia muita porcaria antigamente, e muitos dos clichês que eu citei aqui provavelmente datam de antes mesmo de eu ter nascido. Mas reconhecer isso só me faz então perguntar: por que diabos esses clichês não morreram ainda?!

Não poucas pessoas argumentariam que eles ainda existem porque funcionam. Porque é o que as pessoas querem ver. E talvez mesmo apontem que minhas críticas são um tanto quanto injustas. Em última instância, o que eu realmente estou atacando é a falta de realismo dos personagens, que ao invés disso são retratados com personalidades arquetípicas e agindo conforme o que o roteiro precisar, mas alguém poderia argumentar que não existe problema real ai. Que animes são ficção, e que portanto os personagens não têm obrigação de agir como pessoas de verdade. Os mais críticos talvez ainda adicionassem que o personagem precisa apenas ser coerente e verossímil dentro das regras da própria história, mas qualquer coisa além disso já seria exigir mais do que a história tem a obrigação de oferecer.

Mas enquanto eu vejo pontos válidos e relevantes nesse tipo de argumentação, eu sinto que ela parte de uma visão essencialmente otimista de todo esse cenário. A minha, porém, é um pouco mais… cínica, digamos assim. E mais na linha da crítica que Hayao Miyazaki fez à indústria.

Youjo Senki // Ensaio 12/08/2017 6
Não é uma questão de hoje versus ontem. Mesmo uma premissa batida ainda pode entregar algo interessante de quando em vez.

Antes de mais nada: não, ele nunca disse que “anime foi um erro”, e seria ótimo se pudéssemos deixar esse meme morrer a morte que ele merece, obrigado. O que Miyazaki de fato disse é que a industria de animes atual está “cheia de otakus”, pessoas “interessadas apenas nelas mesmas”, “humanos que não aguentam olhar para outros humanos”. E bem francamente, é difícil prová-lo errado, considerando a quantia de obras que saem que parecem se encaixar com perfeição nessa sua crítica.

Fato é que atualmente anime é produzido por otakus e para otakus. Embora esse “atualmente” remonte há bem antes do que o próprio Miyazaki provavelmente se lembra. Lá pelos anos 1980 e 1990 a industria já começava a tomar os rumos que vemos hoje, onde o anime se tornou essencialmente uma mídia auto-referencial. Por que todos aqueles clichês que eu citei – e tantos outros – ainda existem? Porque… Bom, é assim que “anime” é, não? Ou, ao menos, esse parece ser o sentimento vigente. Uma vontade de emular o que deu certo no passado não por malícia ou por falta de criatividade, mas porque é o que a pessoa conhece. É o que ela viu, e que agora replica porque lhe falta repertório maior e melhor. Eu não sei até que ponto isso vale para a industria do anime, mas esse definitivamente parece ser o caso da industria de light novels. E com tantos animes sendo adaptados de light novels não é nenhuma surpresa que cheguemos aonde chegamos.

Isso sem mencionar o problema da superficialidade. Muitos clichês se tornam clichês porque, inicialmente, foram bem feitos ou bem executados. Porque foram inovadores quando surgiram. Mas com o tempo as pessoas param de pensar sobre o porque daquele clichê ter funcionado em primeiro lugar, se concentrando apenas no superficial e aplicando-o na própria história como se narrativas fossem receitas de bolo, nas quais basta seguir certos passos para produzir os mesmos resultados. A princípio, a ideia de motivações mais pessoais aos personagens foi uma lufada de ar fresco em meio a heróis excessivamente altruístas, e ajudou a humanizar os personagens e a fazer as pessoas simpatizarem com eles. Mas hoje se tornou apenas um lugar comum forçadamente enfiado em qualquer história.

Gakusen Toshi Asterisk Rakudai Kishi no Cavalry Mahouka Koukoku no Rettousei // Ensaio 12/08/2017 // 7
Escola mágica com protagonista overpower e cercado por garotas? Que original!

Quando uma mídia se torna auto-referencial, ela estagna. A repetição se torna a norma, e a mídia se torna mais e mais de nicho, agradando apenas a comunidade interna já consolidada. E disso para a falência é um pulo. Mas calma, eu não sou ingênuo ao ponto de dizer que é isso o que irá acontecer com os animes. E, se mais nada, o que eu tenho visto nos últimos anos são alguns bons e importantes esforços em justamente sair desse sentido, produzindo conteúdos que possam ser aproveitados por bem mais do que apenas o nicho otaku de sempre. Embora cínico com relação à situação atual da indústria, eu sou relativamente otimista para com o seu futuro. Mas isso não me impede de criticar a mesmisse constante dos animes, e a sua origem no que é, essencialmente, uma falta de visão por parte de alguns criadores.

No fim do dia, esta ainda é uma mídia que eu adoro, e que acompanho por realmente ver valor e mérito nela. Justamente por isso não é tão comum que eu escreva um texto apenas para falar mal de algo. Eu propositadamente só escolho animes que eu tenha gostado para fazer review, e mesmo meus ensaios tendem a ser explorações de aspectos positivos da mídia, muitas vezes tentativas minhas de explicar porque eu gosto ou valorizo este ou aquele elemento. Mas nem tudo são flores, e algumas vezes é bom ser um pouco mais… catártico, digamos assim. Pensando em retrospecto, eu talvez tenha sido um pouco mais agressivo do que o necessário neste texto, mas clichês são mesmo um assunto que tende a me deixar um pouco irritado. Uma das coisas que mais me atraem nessa mídia é a sua diversidade e criatividade, então histórias genéricas baseadas puramente em clichês sempre me soam como preguiçosas e baratas. Exatamente o que nenhuma mídia precisa, e, ainda assim, exatamente o existe aos montes em todas elas.

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Imagens (na ordem em que aparecem):

1 – Mawaru Penguindrum, episódio 3.

2 – Hunter x Hunter (2011), episódio 125.

3 – Re:Creators, episódio 6.

4 – Digimon Tamers, episódio 50.

5 – Shuumatsu Nani Shitemasu ka? Isogashii desu ka? Sukutte Moratte Ii desu ka?, episódio 1

6 – Youjo Senki, episódio 1.

7 – Posteres de Gakusen Toshi Asterisk, Rakudai Kishi no Cavalry, e Mahouka Koukoku no Rettousei.

16 comentários sobre “Clichês, estagnação e o problema dos animes.

  1. Ótimo texto, Diego. Agora, na parte do Hunter x Hunter; eu não encaro como motivação. O tempo todo os personagem desacreditavam ele repetidamente dizia que ele já estava morto, que não haveria chances. Mas mesmo assim, ele continuou querendo viver na negação e foi ver com os próprios olhos. Todo esse arco das formigas foi meio que usado pra mostrá-lo como humano -mesmo que ele tenha uma força descomunal- sendo hipócrita, teimoso, etc.

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    • Ah, anime é uma mídia que muita gente coloca dinheiro e vai querer retorno na mesma. É triste, mas uma hora ou outra, vai cair na mesmice (vide os filmes de verão de Hollywood). Eu acho sim, que estúdios deveriam tentar algo novo, mas não é todo dia que tá disposto a desembolsar tanto só pra tentar.

      capitalismo como sempre arruinando nossas vidas

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      • concordo, e HxH é um anime movido por ações egoístas, todos os arcos são movidos pelos desejos pessoas dos personagens ( inclusive essa é a explicação do que é ser um Hunter), seria incoerente um arco onde o Gon entra pra “salvar a humanidade”, em nenhum ponto da história eles fazem algo pelo bem do mundo por motivos altruístas, mesmo os outros só entraram nessa porque foram contratados

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  2. Eu não ligo muito pra clichês e sim clichês dentro da própria obra, (como assim clichês dentro da própria oba, dou o exemplo de FT que o natsu sempre acaba salvando a guilda ou em dragonball do Goku apanhar, ganhar uma transformação nova e derrotar o inimigo poderoso), ano passado teve muito anime legal como Mob Psycho 100, Erased, Boku no Hero que pelo menos pra mim e muita gente já entra na lista dos melhores shounens, e teve o anime que me surpreendeu muitoooooooooo que foi Re:Zero, até porque eu via muito hate em cima do mesmo, e até hoje não consigo entender o porque desse hate todo, agora o que realmente me incodomoda mesmo é ver gente falando tanto de obras que pelo menos ao meu ver são muito meia boca (como Tokyo Ghoul e Sword Art Online)

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  3. Eu não sei se estaria me fazendo de vitimista agora, mas digo que como uma fanática por fanfics e como alguém que pretende postá-la uma algum dia, ainda sinto receio de publicá-las nas plataformas disponíveis justamente pelo o motivo do tema do texto. Eu não me importo com a quantidade de leitores, mas com o que o quê algum deles possam achar após ler. As pessoas ficaram tão acomodadas aos clichês que eles acabarem se tornando rotina. Por causa disso, acho que tem gente que ainda não percebe o quanto a maioria deles acaba se tornando forçado e superficial. Porém, eu acho que ele funciona justamente porque os telespectadores já sabem o que vai acontecer, ou por ter aquela impressão de já ter vivenciado algo parecido.

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  4. Eu acho que o soco do TTGL apesar de cliche funcionou, o universo da obra é caricato e a relação entre o Simon e o Kamina sempre funcionou através dos estimulos extremos do Kamina, o socão foi só mais um. Alguns podem dizer “mas esse é o ponto, eles não conseguem fazer nada alem do caricato” mas o caricato de ttgl imo vira pra uma direção bem diferente do caricato que tá causando a estagnação.

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  5. Em relação aos clichês, eu digo que é bom e ruim ao mesmo tempo. Existem obras que se afastam do clichê, mas tem umas que, sinceramente, chegam a ser estúpidos. Nada vai se afastar do clichê, sempre vai ter um aqui e outro ali, mas tem uns que chegam a te fazer colocar a mão na cara de tão previsível que é (e de quantas outras vezes você já viu o mesmo ser aplicado). Existem obras que possuem clichês, mas são executados de uma forma que dá certo, ou seja, tem suas particularidade que não fazem a obra ser tão previsível ou saturada desse elemento. Como por exemplo, temos Boku No Hero Academia que, pelo menos ao me ver é clichê, mas o autor soube colocar de boa forma.

    Mas agora, existem uns que chegam a dar agonia, pois o autor nem se faz o esforço de tentar algo diferente, se prendendo ao de sempre. Exemplos óbvios, temos Bleach (que tinha um grande potencial, mas foi ladeira abaixo numa bola de neve), Fairy Tail (com Natsu sempre derrotando o inimigo com o “poder da amizade”), e mais recente, Black Clover (com animação já anunciada). Esse último me surpreende com o nível enorme de clichê. O personagem principal (Asta) é um fracassado que não possui talento algum, tem um sonho (acho que se tornar o maior mago, ou coisa do tipo); já o outro principal (Yuki) é o cara talentoso, prodígio, perfeito, galã, exemplo, entre outros adjetivos. Agora tenta ler e não comparar com Sasuke e Naruto, respectivamente, assim como vários personagens de qualquer shounen genérico. Já os outros personagens da obra são, da mesma forma, mais genérico que remédio de farmácia.

    Um outro exemplo também são os isekais, que são o “clichê do momento”, por assim dizer. Basta ir em qualquer site de mangá hoje em dia e clicar em qualquer um. Ao ver a sinopse, boa parte deles vão ser sobre homens (muitas vezes um NEET ou otaku) que são transportados para um mundo de fantasia medieval e tal.

    Eu ainda concordo com o fato de o clichê existir é porque é o que as pessoas querem ver, principalmente as que não possuem senso crítico. Existem pessoas que acham uma obra é ruim ou dropam ela porque não foi do jeito que ela quis que fosse. Conheço uma que nunca assistiu Game Of Thrones porque ela não gosta que o personagem que ela curte seja morto, pois, se isso acontecer, ela para de assistir. Já teve um caso de um amigo meu que disse que uma menina achou Akame Ga Kill! ruim só porque [SPOILER] a Chelsea morre [SPOILER], e só por causa disso e mais nada. Acho isso um absurdo.

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  6. Gostei muito do seu ponto de vista sobre todos os clichés e seus problemas, exceto pelo do “motivo pessoal” que muitos protagonistas precisam ter para agir. Não sei se é só com base na minha vivência ou se de fato é a realidade, mas acho que a humanidade, como um todo, age somente depois de algo pessoal ser a “gota d’água”, como exemplos temos os líderes de ONG’s anti-“bebida e volante” que apesar de fazer um trabalho mais do que necessário, lutando por penas adequadas àqueles que praticam o ato de dirigir alcoolizado, só começaram a fazer após perder uma pessoa próxima, novamente digo que não sei se são as histórias que ouvi falar ou se é a realidade, porém vejo isso em diversos movimentos contra algo “que ameaça a humanidade” como movimentos de conscientização sobre doenças (como câncer de mama e tuberculose) e ONG’s que ajudam pessoas a se reabilitarem das drogas ou do álcool, a grande maioria deles têm como lideres e idealizadores pessoas que sofreram ou que tiveram entes próximos que sofreram com o mesmo.
    Enfim, eu entendo seu ponto que não precisa levar tudo para o lado pessoal, mas creio que isso seja parte do ser humano. Inclusive, você cita o caso do Eren mas você não acha que o próprio já queria agir contra os titãs e que o fato de perder a mãe só acelerou o fato? Pois mesmo antes dela morrer ele já se mostra bastante indignado com o mundo em que vive, e ao meu ver, bastante indignado por não poder fazer nada pois é uma criança.
    Obs: Desculpe pelo meu comentário ser muito confuso, tenho bastante dificuldade de por meus pensamentos de forma escrita, mas para ter certeza que passei a mensagem certa, o meu ponto é : um “cliché” não seria justificável, ou mesmo desejável, caso ele fizesse com que os personagens fossem mais realistas e humanos, mesmo que para isso deva propagar “erros” do comportamento humano?
    Obs2: Só para deixar claro que não tenho como objetivo desmerecer nenhuma ONG ou movimento que tenha como objetivo ajudar as pessoas e o fato de terem que sofrer primeiro para depois ajudarem os outros de maneira alguma empobrece ou desonra os seus atos.

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    • Eu acho que o caso do Eren é um ÓTIMO exemplo de porque eu tenho problemas com esse clichê, na verdade xD Justamente como você aponta, o Eren JÁ possuía uma motivação. Ele já tinha o objetivo de querer deixar as muralhas, e já achava que a humanidade precisava lutar contra os titãs. Ele perder a mãe para um titã em fato DIMINUI o Eren como personagem. Ele poderia ser movido por uma ideologia, uma crença, um objetivo último até mais “nobre”, que seria a busca pela liberdade. Mas ao invés disso ele vira só um esquentado em busca de vingança. Há mais de um jeito das pessoas investirem esforços em algo. Um elemento pessoal é certamente forte, mas também o são elementos ideológicos ou morais. Não há nada de errado com motivações pessoais, mas dar uma variada faz bem, acho que esse é o ponto que eu tentei passar ^^

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      • Realmente, nunca tinha parado para pensar no quanto isso diminui o personagem e o limita. Mas confesso que não “gostei” tanto de concordar com você pois agora vou ter que repensar nos conceitos e ideologias de diversos personagens (lá se vai meu fim de semana… kkkkkk).

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  7. que legal cara concordo com bastante coisa no seu texto, principalmente no universo echii e sobre personagens femininas, porém eu acho que se tratando de alguns clichês é mais sobre saber utiliza-los e não só jogar ali e pronto mas concordo que precisamos ter uma mudança nesse ambito e estou começando a ver mais longa metragens de animação como kimi no nawa do que animes mesmo por que estão me passando muitas experiencias novas pra finalizar eu gostaria de recomendar um blog de reviw de anime principalmente a review sobre black clover

    https://animecandyblog.wordpress.com/2017/10/25/o-que-esperar-de-black-clover-tv/

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