Desde que eu fiz a minha lista de 10 animes recentes que valem a pena assistir, eu queria dar continuidade a ela de alguma forma, especialmente considerando que aquela lista parava em 2013. E acho que encontrei um bom meio, e um que possivelmente irá se tornar um pequeno evento anual aqui no blog. Assim, o que planejo é que em toda primeira semana do ano eu traga duas listas referentes ao ano que acabou: em uma, comentando o que tivemos de mais popular, e, na outra, trazendo algumas indicações de obras que não foram assim tão faladas, com 5 entradas por lista. Para conferir a outra, clique aqui, mas por agora falemos um pouco sobre os animes de 2016 que, enquanto ainda divertidos, empolgantes ou legitimamente excepcionais, acabaram escapando ao radar de muitos.
Mas antes, é sempre válido deixar claro: isto não é um top. Estes não são os “melhores” animes de 2016, até porque não assisti tudo o que saiu no ano para poder fazer um ranking do tipo. Antes, são apenas 5 obras que não muita gente comentou a respeito, mas que eu ainda acho que merecem um pouco de exposição por um motivo ou outro. E sem mais delongas, vamos então aos animes.
5) Bungou Stray Dogs

Eu devo dizer que Bungou Stray Dogs, adaptação do mangá seinen de mesmo nome, de Kafka Asagiri, e produzido pelo estúdio Bones, foi talvez uma das surpresas mais agradáveis para mim em 2016.
Lançado em formato split cour, com uma primeira temporada de 12 episódios seguida, alguns meses depois, de uma segunda temporada também com 12 episódios, na história acompanhamos Atsushi, que expulso do orfanato onde morava até então, acaba entrando em contato com membros da Agência Armada de Detetives, uma organização composta majoritariamente por pessoas com poderes especiais.

O anime ganhou alguma notoriedade por todos os seus personagens terem nomes e habilidades que referenciam escritores famosos, de Osamu Dazai e Edogawa Ranpo até Lovecraft e Mark Twain. E enquanto pode ser divertido pegar todas as variadas referências que o anime lança, para mim o elemento mais interessante da obra está basicamente no que toda boa obra de ação deveria ter: personagens carismáticos e lutas legais.
Em termos de problemas, vale apontar que o tom das duas temporadas é bem distinto uma da outra. A primeira é mais cômica, enquanto a segunda mais séria, então corre-se o risco de gostar muito mais de uma metade do que da outra. Além disso, infelizmente o anime termina num claro “vá ler o mangá”, embora fechando um arco (o que já foi mais do que eu esperava, honestamente…). Mas se nada disso for incômodo a você, considere dar uma chance. Se mais nada, é um anime divertido.
4) HaruChika: Haruta to Chika wa Seishun Suru

Um dos animes mais ignorados do ano, embora eu consiga entender o porquê. Não levem a mal, eu não colocaria ele aqui se não fosse para recomendá-lo, mas é uma obra cujo aproveitamento vai depender muito das expectativas com as quais você vai assisti-lo. E, infelizmente, muita gente foi pra esse anime com as expectativas erradas.
Adaptando a série de livros de Sei Hatsuno, o anime de HaruChika foi uma produção em 12 episódios do estúdio P.A.Works, contando a história de dois antigos amigos de infância – Haruta e Chika – que acabam se re-encontrando no ensino médio quando ambos entram para o clube de orquestra de sopro da escola. Vale apontar que o motivo de ambos entrarem para o clube é o mesmo: uma pequena paixonite pelo professor responsável pelo clube.

Por conta da premissa, muita gente foi assistir esse anime esperando um anime de musica, mas isso não poderia estar mais longe da verdade. Antes, HaruChika – não só o anime, mas a própria novel no qual o anime é baseado – é uma obra de mistério, e que segue um formato quase episódico de “mistério da semana”, que normalmente termina no encontrar de mais um membro para participar do clube. E vale dizer: como um anime de mistério, ele ainda é aquela obra padrão japonês, na qual normalmente a resolução do mistério vem por conta da genialidade dos personagens, sendo quase impossível do espectador descobrir alguma coisa por si só.
Parece ruim, mas é muito mais uma questão de gosto. Pessoalmente, eu achei divertido, e acho que é um anime que vale a pena recomendar. E se mais nada, ao menos a estética visual da coisa é… diferente [rs]. É a melhor coisa a sair em 2016? É claro que não. Mas talvez ainda valha o seu tempo.
3) Kono Bijutsubu ni wa Mondai ga Aru

Eu devo dizer que não sou particularmente chegado em comédias de esquetes, podendo contar nos dedos de uma mão o número de animes nesse formato que me agradaram. E bom, surpreendentemente Konobi está entre eles.
Adaptação de um mangá de mesmo nome, de Imigimuru, o anime contou com 12 episódios produzidos pelo estúdio Feel. Na trama, Uchimaki é um otaku com talento para as artes plásticas, que decide entrar para o clube de artes do colégio basicamente porque ele não tem nada para assistir na televisão. E ali, o seu objetivo é o de criar a “waifu perfeita”, todo dia desenhando uma nova garota moe. O twist, porém, é que Usami, também membro do clube de artes, acaba por desenvolver uma quedinha pelo Uchimaki, mas não consegue se aproximar do menino porque, como ele mesmo diz, ele não tem interesse em “garotas 3D”.

É uma premissa “ok”, mas o anime até que consegue trazer um conteúdo bem interessante com ela. Os personagens são bem gostáveis, e o fato de termos a Usami como protagonista foi interessante, sobretudo porque cria aquela situação na qual você simpatiza com a menina, se frustra com a lerdeza do Uchimake em não perceber os sentimentos dela, mas em última instância segue gostando do menino porque, bom, a Usami ainda gosta.
Mas é nos pequenos detalhes que Konobi brilha de fato, algo para o qual eu inclusive já dediquei um vídeo a respeito. Enquanto na vasta maioria dos animes de comédia em esquetes a piada nunca traz consequência ou mudança, em Konobi o cenário está constantemente mudando por conta das situações cômicas nas quais os personagens se metem, o que faz a obra parecer bem mais “viva”. Então é, mesmo que você não goste de animes nesse estilo, talvez valha a pena dar uma olhada. Quem sabe, você pode acabar se surpreendendo.
2) Shounen Maid

E falando em surpresas… Adaptando ao mangá de mesmo nome, de Ototachibana, temos a produção de 12 episódios do estúdio 8-Bit: Shounen Maid. Na trama, o garotinho Chihiro acaba de perder a mãe, única parente que ainda lhe restava. Ou assim ele achava, mas eis que surge Madoka, dizendo ser o seu tio que veio para adotá-lo.
Acontece que a mãe de Chihiro havia cortado relações com sua família anos atrás, por desavenças com os pais. Madoka sempre ressentiu a perda da irmã, mas também nunca soube como remediar a situação. E agora que ela se foi, ele sente que adotar ao garoto é o mínimo que poderia fazer pela irmã. Mas acontece que Chihiro não gosta da ideia, dizendo que se a mãe dele nunca contou com o apoio da família, então ele também não quer nada de graça deles. Para remediar a situação, Madoka faz então uma proposta após ver que o menino tem uma verdadeira paixão pela limpeza: Chihiro trabalharia limpando a mansão de Madoka, e em troca poderia morar ali. Satisfeito com o arranjo, Chihiro concorda, e assim começa a história.

Essencialmente um slice of life de comédia, é válido também apontar que o anime consegue também trazer momentos genuinamente tocantes e sentimentais, conforme trabalha com temas como o distanciamento familiar e a perda de um ente querido. E eu particularmente achei muito interessante ver como tanto o Chihiro como o Madoka acabam vendo muito da mãe do Chihiro um no outro, algo inclusive feito de forma bastante sutil. Ah, mas não entendam mal, a comédia ainda é o foco, e eu pessoalmente gostei muito dela. Não da pra dizer que é “boa”, porque comédia é algo muito pessoal, mas eu pelo menos ri alto mais de uma vez com esse anime.
É, eu estaria mentindo se dissesse que não fui pra esse anime com os dois pés atrás. Mas olha, fico feliz de ter dado uma chance a essa obra, e facilmente o consideraria um dos melhores títulos de 2016, mesmo q certamente não o melhor.
1) Fune wo Amu

Finalizando a lista – e o ano, já que esse anime saiu justamente nos últimos meses de 2016 – temos Fune wo Amu, uma produção do estúdio Zexcs que adapta ao livro de mesmo nome, escrito por Shion Miura. E é interessante ver como o anime com uma das premissas mais simples no ano conseguiu também ser um dos melhores.
Essencialmente, a trama se resolve em torno da criação de um dicionário, intitulado “A Grande Passagem”. Acontece que ele está sendo editado por um grupo bem pequeno de pessoas, e um deles está para deixar a equipe por algum tempo. Entra em cena então nosso protagonista, Majime, que acaba sendo contratado para trabalhar na criação do dicionário, e o resto do anime é basicamente um slice of life que segue a vida de seus personagens, suas relações, desenvolvimentos, e, claro, o seu trabalho.

Pode parecer chato, mas sejamos sinceros, o Japão tem um talento especial para pegar temas absurdamente mundanos e fazê-los interessantes ao mesmo tempo que elucidativos e relevantes. E Fune wo Amu não é exceção, abordando temas como a comunicação humana e o valor das palavras, enquanto seguindo um cast de personagens interessantes e bastante humanos, com os quais é fácil de simpatizar. Tudo isso enquanto acompanhado de uma mais que excelente trilha sonora.
A animação e as metáforas visuais que o anime emprega também são algo que merecem destaque, e num geral é uma história ótima de ver e ouvir. Em um ano que recebeu até que uma boa quantia de animes voltados para adultos, eu facilmente colocaria Fune wo Amu como o meu favorito dentre eles. Uma história sutil, mas também bonita e bem trabalhada. Quem ainda não viu, fica a minha recomendação para que o faça.
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Imagens (na ordem em que aparecem):
1 – Fune wo Amu, episódio 1
2 – Bungou Stray Dogs, episódio 1
3 – Bungou Stray Dogs, episódio 1
4 – HaruChika: Haruta to Chika wa Seishun Suru, episódio 1
5 – HaruChika: Haruta to Chika wa Seishun Suru, episódio 1
6 – Kono Bijutsubu ni wa Mondai ga Aru, episódio 1
7 – Kono Bijutsubu ni wa Mondai ga Aru, episódio 1
8 – Shounen Maid, episódio 1
9 – Shounen Maid, episódio 1
10 – Fune wo Amu, episódio 1
11 – Fune wo Amu, episódio 1